Moz nasceu nas terras devastadas, filho de Jonna Krill. O pai saiu pra comprar cigarros pouco depois da notícia da gravidez, assim Moz foi criado por Jonna, Susan (a segunda esposa de Jonna) e o Velho Harris (o pai de Jonna). A vida nas terras devastadas é ótima, e Pedra Rachada é um lugarejo de grande charme. Quando criança, Moz brincava nas ruas com outras crianças, acampava com frequência, dormia sob as estrelas e era uma pequena celebridade, devido ao status de sua família como os melhores fornecedores de comida, bebida e hospedagem em todo o deserto. Quando adulto, viver no deserto entre outros bastardos, nômades, criminosos e renegados significa liberdade. Moz acha os confortos e as luzes da metrópole atraentes, até mesmo encantadores, mas já viu o preço que as pessoas pagam para viver lá: controle total sobre suas vidas e destinos por políticos, corporações e um milhão de outros filhos da puta que não têm a decência e delicadeza de se apresentarem como tal. Pedra Rachada pode ser apenas um punhado de casas, prédios e comércios, mas as pessoas são honestas entre si, trabalham duro e realmente se importam umas com as outras.
Moz é um contrabandista que atualmente administra uma operação bastante lucrativa de gasolina, equipamentos médicos, peças de veículos, drogas e armas de e para a metrópole para abastecer os muitos saqueadores empreendedores que atacam cargas corporativas. Os piratas terrestres precisam de linhas de suprimento e Moz fica feliz em dar uma mãozinha. Moz também está entre os melhores motoristas do deserto e dirige para assaltos, corridas e, ocasionalmente, para causas beneficentes. Ele tem pouca necessidade de dinheiro e, na maioria das vezes, o dá para uma de suas mães, para o velho Harris ou compra uma bugiganga para alguém da cidade. O pouco que resta é gasto em carros, motos, peças ou entretenimento. As economias que ele tem são resultado das repreensões de Susan e sua retenção total dos fundos da família.
Moz é uma celebridade local, com todo um nobre pedigree de fazedor de farra e de pirataria terrestre herdados do pai desaparecido, de Susan e do Velho Harris. A vida no deserto é feliz, mas não abundante: a cada dia, mais e mais pessoas chegam com vidas destruídas, resultado de uma série de injustiças. A verdade é que as coisas poderiam ser melhores - muito melhores. Moz tem como objetivo primeiro conseguir o suficiente para colocar o assentamento de volta em condições de funcionamento, para que mais famílias possam se mudar, escolher uma forma de contribuir e seguir em frente. Em uma escala maior, no entanto, todos os habitantes do deserto - os místicos, os piratas terrestres, os exilados - poderiam ser reunidos em uma grande organização. Nada muito sério, mas todos cuidando uns dos outros. Esse é o objetivo final. Moz já matou por isso no passado e o faria novamente e daria sua vida por isso se pudesse garantir que fosse alcançado. Caso contrário, ele escolheria viver e lutar outro dia.
Moz matou seu primeiro homem aos 15 anos de idade. Pedra Rachada foi atacada por saqueadores e Susan foi baleada no bar enquanto atirava de volta: Moz correu para trás do balcão, pegou a espingarda e reagiu por instinto filial e desespero, mais do que por habilidade ou porque tivesse um plano. O tiro acertou também por pura sorte. Um menino mais ou menos da idade dele, magro como um espantalho. Susan quase morreu e levou quase um ano para voltar à sua figura gritacenta e autoritária, mas adorável. Embora Moz tenha passado a odiar sua impotência durante o episódio e embora tenha entendido o tiroteio como parte da realidade maior das terras devastadas, a experiência o transformou. Crianças matando crianças parecia profundamente, fundamentalmente errado. A matança em si não era o problema, mas a injustiça absoluta de tudo isso - pessoas que não têm nada se matando por causa de migalhas, enquanto poucos tem tudo de tudo.
Jonna Krill - Mãe biológica e a queridinha de todos. Alta, esguia, cabelos cor de mel amarrados em um feixe bagunçado, rugas leves ao redor de um par de olhos azuis ligeiramente encovados - um anjo do deserto, na verdade. Contida, elegante, fácil de lidar, cooperativa, diplomática, mas teimosa como uma mula. A voz da razão e uma fonte de compreensão, ela é a gerente e proprietária do Pouso da Colina e a terapeuta não oficial de todos. Muito amada, um insulto a ela é uma maneira rápida de fazer inimigos em Pedra Rachada.
Susan Santos - Mãe adotiva, pirata terrestre aposentada e a melhor mecânica de veículos do mundo, para Moz. Se Susan não pode consertar, não tem conserto. Ruiva de cabelo curto, atarracada, e musculosa embora ligeiramente acima do peso. Mais máscula do que a grande maioria dos homens: a garota-propaganda para as caminhoneiras de todos os lugares e uma grande mão de vaca. Pragmática, comunica-se principalmente com gestos e insultos, extrovertida e afetuosa - com Moz e Jonna, principalmente. Ensinou a Moz tudo o que sabe sobre carros e rotas e é ferozmente ciumenta e protetora.
Velho Harris - Avô biológico, pirata terrestre aposentado, contrabandista aposentado... aposentado de tudo, na verdade. O Velho Harris tem cerca de 6 milhões de anos de idade e já estava por aqui quando o sol começou a brilhar. Ele já velho naquela época - é alto, magro, de olhos azuis e grisalho como um dia chuvoso. Uma fonte inesgotável de conhecimento prático, um ouvinte maravilhoso, um conselheiro severo, um mulherengo incorrigível (mesmo em sua idade) e um colecionador de vícios e experiências de vida. Como um cowboy da vida real, é mortal com toda e qualquer arma e ensinou a Moz todas as suas habilidades no assunto. A vida não oferece muitos prazeres, mas sentar-se com avô para ouvi-lo falar sobre os velhos tempos é um deles. Aos olhos de Moz, ele é o homem mais legal do mundo.
Moz teve uma infância feliz e teve a oportunidade de crescer junto com outras crianças brincando, acampando com frequência, correndo e jogando bola na rua: majoritariamente uma existência pacífica e amistosa. Quando não estava fazendo nenhuma dessas coisas, Moz costumava passar o dia na oficina de Susan entre peças e graxa ou então ouvindo histórias do Velho Harris. Moz dirigiu um veículo sob supervisão pela primeira vez aos 8 anos de idade, com supervisão ocasional aos 11 e participou de sua primeira corrida aos 14 e foi igualmente supervisionado no manuseio de armas de fogo, sendo muito precoce em ambas as disciplinas. Sendo filho ou neto das principais figuras de Pedra Rachada, Moz também participou ou assistiu um incontável número de resolução de disputas domésticas, crises pessoais e desenvolveu uma grande sensibilidade para a tribulação e dificuldade da vida das pessoas das terras devastadas: Moz aprendeu cedo que a maioria das pessoas precisa ser ouvida e receber um sorriso ou um ombro amigo antes de seguir adiante. O final oficial da infância de Moz veio durante a primeira invasão de grande escala de Pedra Rachada por saqueadores, onde ele atingiu e matou um rapaz mais ou menos da sua idade.
Para o horror de Susan, Moz herdou o mesmo espírito festeiro e mulherengo do Velho Harris. Embora tenha se apaixonado uma porção de vezes, Moz sempre se recusou a se levar minimamente a sério nesta seara da vida. Talvez pela natureza impermanente das relações nas terras devastadas, talvez uma predisposição de caráter ou talvez a herança biológica e social de ter sido criado sem pai, fato é que Moz tem um talento muito maior para a conquista do que para a manutenção de relacionamentos românticos. Para evitar conflitos e discussões especialmente com Susan, Moz procura qualquer tipo de contato romântico apenas quando está entre contratos quando está em MC1 e se limita a relacionamentos casuais.
Solidão. Não necessariamente estar sozinho, mas se ver numa condição onde não existam amigos, família ou uma comunidade para a qual deixar um legado. Morrer todo mundo vai, sozinho diga-se de passagem, mas deixando ou não uma marca no mundo é muito triste e de certa forma aterrorizante perceber que a sua passagem pelo mundo fez pouca diferença para outras pessoas.
Eu sempre estive cercado de gente muito boa e minhas aventuras e desventuras têm como objetivo principal devolver aos queridos e queridas que me cercam um módico da proteção, do carinho, do conforto e da atenção que me foram dispensados ao longo da vida... pode ser que o fracasse nesse objetivo ou que eu não consiga avançá-lo tanto quanto eu gostaria, mas o pensamento de que essas pessoas permanecem comigo e continuam a se importar e a investir, a acreditar em mim me faz levantar da cama de manhã.
Quem não tem ninguém já morreu, viver não é apenas existir. Nenhum homem é uma ilha e uma comunidade é uma espécie de canvas que se expande e onde se expressam as vidas de seus membros: eu sempre quis fazer mais pelo lugar onde eu nasci e pelos meus amigos e família e a oportunidade oferecida pelos contratos e pelos demais empreiteiros aparece para mim como uma chance de fazer isso acontecer e como uma coisa pela qual vale a pena viver e, e em última instância, morrer.
Meu carro, um Katsuhata Yamato X450, altamente modificado. Gaiola de colisão e torção, pistões forjados, bi turbo, filtros de ar, cabine e câmara que suportam as condições do deserto, uma bateria capaz de abastecer um estádio e um motor que roda com qualquer coisa, até pensamento ruim. Uma relíquia, na verdade, já que a maior parte dos carros a combustão são vistos como uma espécie de fóssil nas áreas mais ricas de MC1. De qualquer forma, não é necessariamente um carro de rally - eu teria que eliminar muito peso pra colocar a senhorita em condições de correr - mas um carro capaz de fazer o trajeto Pedra Rachada - Mega City One via vicinais detonadas num tempo muito razoável e de maneira confortável: é a liberdade sobre rodas.
Isso não é, naturalmente, o que torna o carro especial - todo pirata terrestre do mundo poderia ter um, se quisesse, o Yamato é um clássico - mas o fato de que eu trabalhei sem saber nele por muito tempo. Enquanto se recuperava dos ferimentos que recebeu no ataque a Pedra Rachada, Susan comprou um Yamato semidestruído e me pediu ajuda pra reformar: eu ralei durante mais um ano junto com ela pra gente colocar o carro em condições de rodar, e depois mais uns 6 meses pra ele ser o carro mais maneiro de todos - eu fiz pensando que o carro seria para ela, mas ela me deu de presente no meu aniversário de 17 anos. É um carro de muitas memórias felizes e importantes.
Eu estou tentando fazer as coisas darem certo em Pedra Rachada, mas os resultados tem sido efêmeros. A cidade tem pouco e o pouco que existe lá ainda tem gente de olho... reunir forças e fazer o lugarejo das certo é complicado. É um buraco esquecido no chão no meio do deserto, mas é o meu buraco e, se um dia tudo der certo, no meu deserto. A próxima prioridade é conseguir levar pra lá alguns materiais de construção e talvez um pouco de mão de obra qualificada pra colocar as casas em ordem, dar um pouco mais de dignidade pro local e consertar algumas das casas para abrir espaço.
Depois do último tiroteio meu avô me perguntou se eu tinha interesse de me mudar de lá e isso mexeu comigo. Os contratos também tem mexido comigo, eu tenho me visto cada dia menos compassivo. Eu tinha me pegado pensando que ser um monstro nessa linha de trabalho é uma questão de tempo... mas se é inevitável, a próxima pergunta me parece ser "que tipo de monstro eu vou me tornar"?
Varia de dia pra dia. Em Pedra Rachada eu acordo, tomo café da manhã, enrolo com a família, boto a fofoca em dia e escuto a boataria da estalagem, passo o resto da manhã com Susan na oficina e volto pra casa antes do almoço pra ouvir o Velho Harris resmungando ou contando história. Às vezes uma corrida ou ajudar um vizinho, nada excêntrico. Em MC1 é outra história.
Em MC1 eu estou a trabalho, então a manhã típica começa na noite anterior: planejar os trabalhos, revisar os itens e condições do veículo em que eu for trabalhar, dormir cedo e madrugar pra tocar a carga. Normalmente eu tento conciliar uma carga legítima com uma ilegítima, quando dá, e maximizar o lucro por viagem. Antes de guiar eu faço um café da manhã reforçado, limpo e lubrifico as armas, tomo um banho e ligo a rádio para conversar com outros caminhoneiros e ficar de olho na frequência da polícia.
Depende do lugar, não? O hábito pode fazer o monge, mas se não estamos indo a uma igreja faz pouco sentido. Ser um monge convincente numa corrida ilegal de rua é impróprio, pra não dizer que eu não gosto de monges, de maneira geral. Se eu vou para um lugar e quero me vestir bem significa que eu estou tentando impressionar. Isso reduz drasticamente o número de pessoas alvo. Se eu estiver tendo impressionar Susan, roupa de corrida e horas de preparação no carro, acertando tudo nos últimos detalhes. Se eu estiver tentando impressionar Jonna, qualquer coisa que cubra a maior parte das minhas tatuagens e o cabelo penteado direito, perfume suave e voz mansa - tem que caprichar no visual de bom moço. Se eu estiver tantando impressionar o velho Harris tem que ser camisa branca, calça preta e coldres à vista.
Par romântico a gente veste o que for impressionar mais aquela pessoa em particular.
Se tudo der certo e ninguém fizer cagada, devo reunir as pessoas da cidade e fazer um churrasco para todos. Faz tempo, inclusive, que não tem condições de fazer uma festa para todos, comes e bebes liberados, forró completo e coisa e tal. Eu preferiria se Jonna não tivesse que cozinhar tudo, como é o costume... se o dinheiro der eu vou ver se arrumo mãos hábeis e deixo o povo da cidade só por conta de comer e sorrir pra foto. Se pá eu arrumo um pula-pula ou outra coisa pra distrair criança e termino o dia fazendo uma fogueira no entardecer, uns 3 bêbados cantando alguma coisa de péssimo gosto no violão e eu ensinando alguma criança a atirar em garrafas vazias. É meio um sonho, mas sonhar não paga imposto, né?
Eu não tenho muitos arrependimentos, mas eu queria, especialmente nos últimos contratos, não ter matado tanta gente. Não ceder tão facilmente à violência, ser mais diplomático... existe uma razão pela qual eu converso bem e é porque eu preferia, no passado, não ter que recorrer a violência para resolver meus problemas. Eu sinto que eu tenho cada vez mais confiado nos meus poderes e no meu grupo para não fazer o trabalho difícil de consertar pontes e criar relacionamentos. Eu tento viver uma vida sem arrependimentos e sem potencial deixado para trás, mas a verdade é que eu gostaria, se pudesse, de viver uma vida mais simples, mais cercada de dias felizes... mas isso é todo mundo, creio. Talvez a essência de ser adulto seja uma constante administração de emergências e amarguras com um eventual lampejo de sol aqui e acolá, só pra não te tirar de vez a esperança.
Meus dons parecem ser ramificações da minha natureza interior. Ao me concentrar nas moedas, pedaços da minha história, da minha experiência se manifestam no meu corpo e mente... como se minha existência estivesse sendo empoderada e revelada a cada moeda. É como se eu fosse um vaso cheio das minhas experiências, capacidades, desejos e medos e agora eu fosse um vaso cada vez maior, cheio das mesmas coisas. Eu sempre fui carismático, mas agora minhas palavras carregam um peso sobrenatural. Eu sempre fui um filho do sol e do deserto escaldante, sempre me tornei forte, ágil e atento através do exercício diário e da diligência do sobrevivente, e agora meu corpo muda para se integrar cada vez mais a essa realidade. Eu sou o Moz, mas agora sou mais de mim. As moedas se revelam para mim em sonhos, geralmente como forma de problemas que eu preciso resolver ou questões que eu preciso conciliar, mas quando eu desperto com um novo poder, eu sinto que sempre os tive.
Religioso? Não. Espiritual? Talvez. Eu sou supersticioso. Eu acredito que o mundo é tudo que existe, mas também acredito que a gente sabe muito pouco, quase nada sobre ele, e que quem diz que sabe está mentindo pra si mesmo tanto quanto o cara que diz que não sabe, mas está em boa conta com uma entidade que sabe e que está disposto a te colocar no esquema se você tiver dinheiro ou uma virgindade anal sobrando. Eu me dou o direito de ficar maravilhado com tudo e de achar a natureza um espetáculo místico infindável e de mistério contínuo enquanto me permito ser cético, especialmente do conhecimento e da motivação de gente. Eu adoro gente, mas tem hora e lugar, sabe? Tem pouca coisa mais desagradável que encontrar gente cheia das respostas quando você não está procurando por nenhuma resposta em particular; como se fosse um spoiler da vida real.
Nada nos contratos em si vai em conflito direto contra a minha visão de mundo. Dito isso existem conflitos associados aos interesses dos atores: minha visão de mundo é muito naturalista, mas existem organizações religiosas que influem no mundo e são capazes de ceder moedas de presente, por exemplo. Não dá pra ter grandes convicções na natureza real do mundo nessa linha de trabalho: o segredo é entender cedo que sua única esperança de influência no mundo é escolher um ramo limitado de atuação e fazer o seu melhor pra criar flores só naquele jardim. Se nada mais, o mundo dos contratos inspira humildade, já que ele permite que pessoas comuns se tornem semi-deuses que, na fila do pão, ainda são capazes de fazer porra nenhuma. O poder e a atração dos contratos são exercícios de autocomedimento e de restrição. De muitas formas, existe um elemento de fé na busca pelas moedas, a crença de que existe uma quantidade X de poder lá fora que, se alcançada, te permitiria fazer isso ou aquilo: e isso pode não ser verdade.
O nômade confesso talvez não seja o melhor sujeito a quem perguntar pelas propriedades ideais de um cômodo: o melhor cômodo na maior parte das vezes é ou cômodo nenhum ou varia *muito* de situação para situação e de acordo com o humor de cada qual. Dito isso, pra não me esquivar da pergunta, o cômodo perfeito de 100% das pessoas do mundo vai ser, em algum momento, um banheiro perfeito: aquele banheiro recém limpo, que ainda tem a aura imaculada da equipe de limpeza recém saída, como uma igreja recém aberta onde o incensário queima linóleo e desinfetante líquido e o padre é um homem de meia idade com um traje azul marinho empurrando um carrinho cheio de instrumentos de limpeza e químicos hostis ao mundo. Todo branco, luz de tom frio, espelho recém polido onde dá pra ver até a cor e os contornos da alma do sujeito - o banheiro da rodoviária do céu.
Eu sou excepcional com uma pistola na mão e tenho um carisma que abre portas. Minha filosofia sobre essas habilidades é simples: cada uma tem seu papel na minha vida e na vida da minha comunidade. Atirar não é apenas um meio de defesa ou ataque; é uma ferramenta que uso para proteger Pedra Rachada e garantir que as ameaças sejam eliminadas antes de se tornarem problemas. Isso não me torna um herói, mas alguém disposto a fazer o que for necessário para alcançar meus objetivos.
Quanto ao carisma, acredito que ele é a chave para criar alianças, influenciar pessoas e abrir caminho onde a força bruta não pode. Meu charme e habilidade de persuasão me permitem negociar, convencer e, às vezes, manipular, sempre com o objetivo de beneficiar minha comunidade. Uso meu carisma para inspirar confiança e liderar os Empreiteiros, sabendo que a palavra certa pode ser tão poderosa quanto um tiro bem colocado. No fim das contas, minha filosofia é usar o que tenho de melhor para criar oportunidades e resolver problemas, mesmo que isso signifique navegar em territórios moralmente ambíguos.
Meus limites revelam muito sobre quem eu sou e o que valorizo. Eu não suporto a angústia prolongada e a tortura. Ver alguém sofrer intensamente, ou ser a causa desse sofrimento, me consome por dentro. Isso me obriga a resistir ao trauma, e não há justificativa que torne isso aceitável para mim. Atrocidades, como grandes catástrofes humanitárias, violência desenfreada e mutilações, são coisas que me abalam profundamente. A visão de tamanha crueldade e destruição vai contra tudo que tento construir para Pedra Rachada.
Injustiça, para mim, é intolerável. Deixar que pessoas escapem ilesas após causarem danos a inocentes, ou permitir que alguém que merece viver morra, é algo que não posso aceitar. Isso é uma linha que não cruzo. Não sou um herói em sentido estrito, mas tenho um código que sigo, e a justiça, mesmo que no meu próprio conceito, é fundamental.
Para me fazer quebrar esses limites, seria necessário algo extraordinário. Talvez a ameaça direta à existência de Pedra Rachada ou àqueles que amo profundamente. Mesmo assim, quebrar esses limites significaria perder uma parte essencial de quem eu sou. No fundo, meus limites são o que me mantém humano, mesmo em um mundo que frequentemente exige o contrário.
16 Horsepower - Outlaw Song: Esta música encapsula meu lado rebelde e fora da lei. A vida que levo como ladino e corredor ilegal é cheia de riscos e escolhas moralmente cinzentas, mas tudo é feito com um propósito maior em mente. O som sombrio e a letra falam da luta constante e da resistência, características que definem minha jornada.
Bob Marley - I Shot The Sheriff: Esta canção representa a necessidade de tomar decisões difíceis para proteger aqueles que amo. Assim como Marley canta sobre autodefesa e injustiça, eu também sou forçado a confrontar situações onde a linha entre o certo e o errado é turva, especialmente em momentos de combate e sobrevivência.
Bill Withers - Ain't No Sunshine: A melancolia e a introspecção desta música refletem os momentos mais sombrios e solitários da minha vida. Perder-se nas terras devastadas, enfrentar criaturas de pesadelo e carregar o peso das expectativas da minha comunidade pode ser extremamente solitário, e essa canção capta perfeitamente essa sensação de vazio. A analogia com o brilho do sol e suas idas e vindas também é apropriada.
ROME - One Lion's Roar: A intensidade e a determinação desta música simbolizam minha liderança e minha luta pela prosperidade de Pedra Rachada. A letra poderosa e a melodia evocam a imagem de alguém que luta ferozmente por sua causa, sem desistir, não importa o quão difícil seja o caminho.
Oswaldo Montenegro - Bandolins: Esta música fala da beleza nas coisas simples e a alegria de viver, mesmo em meio a dificuldades. Ela representa os momentos de paz e celebração na comunidade, como as festas que organizo para os cidadãos de Pedra Rachada. A melodia nostálgica e a letra evocam um sentimento de esperança e de momentos insanos de coragem.
Susumu Hirasawa - Paranesian Circle: A sonoridade futurista e experimental desta música reflete os aspectos mais estranhos e alienígenas das minhas aventuras. A letra fala sobre uma roda cármica de tragédia, uma sucessão de eventos difíceis que se repetem, evocando imagens de vida, morte, sofrimento e alegria, mas sem a promessa de fim. Representa a natureza ilusória tanto do poder obtido pelos contratos quanto dos contratos em si mesmos. Eu sei que, mais cedo ou mais tarde, as coisas vão dar errado e vou desejar ter tomado ações diferentes. Espero apenas que esse medo que todos temos da vida não me envergonhe nos últimos momentos.
Faith and The Muse - Burning Season: Esta música representa a minha resiliência e a capacidade de renascer das cinzas. A letra fala de transformação e renascimento, simbolizando minha jornada de autodescobrimento e a constante luta para proteger e revitalizar minha comunidade, apesar das adversidades e desafios que surgem no meu caminho. A música também fala sobre mudar e não se reconhecer, sobre as limitações da humanidade e do potencial humano enquanto as coisas acontecem, o que fala comigo muito devido às mudanças que sofri com os poderes dos contratos.
Minha ambição começou com o desejo de revitalizar Pedra Rachada, e ver o progresso que fizemos até agora é algo que me enche de orgulho. Mas sei que ainda há muito a ser feito, e consolidar as vitórias já alcançadas é um desafio constante. Pedra Rachada não pode se tornar uma mera extensão de MC1, porque isso significaria perder a liberdade que conquistamos com tanto esforço. Precisamos encontrar um equilíbrio delicado entre legalidade e liberdade para que nossa comunidade possa realmente prosperar.
Para aqueles bem ajustados e de boa reputação que nasceram e cresceram na cidade das luzes, pensar sobre uma comunidade empoeirada para além das muralhas de MC1 não faz sentido. Mas para nós, que nunca tivemos esse privilégio ou nunca o quisemos, Pedra Rachada representa algo muito mais valioso: uma zona autônoma temporária, uma ilha de tortuga num mar de terra avermelhada e pilares de arenito.
À medida que ganho mais poder, minha ambição evolui para garantir que Pedra Rachada não só sobreviva, mas floresça. Quero ver nossa comunidade se tornar um exemplo de como a autonomia e a autossuficiência podem coexistir com o desenvolvimento. Mas sei que isso não será fácil. A tentação de se tornar uma extensão de MC1 estará sempre presente, e é uma armadilha que devemos evitar a todo custo.
Quanto à aposentadoria, não vejo isso no meu futuro. A luta por Pedra Rachada é parte de quem sou. Vou continuar até o fim inevitável, porque sei que cada dia em que lutamos pela nossa liberdade e autonomia é um dia em que nossa comunidade se fortalece. A verdadeira vitória não está apenas nas conquistas, mas em manter vivo o espírito de independência e resistência que define Pedra Rachada.
Enquanto houver pessoas que precisam de um lugar onde possam ser livres, onde possam construir algo próprio longe das sombras de MC1, eu estarei aqui, liderando a luta. Não pelo poder em si, mas pelo que ele representa para todos nós que chamamos Pedra Rachada de lar.
Hahahahaha, é uma pergunta capiciosa, não? Pergunte a um homem aquilo que lhe contraria e, se ele te responder honestamente, você não vai saber se você está ouvindo sobre os valores ou sobre os hábitos dele: mas quem se importa com os valores de um criminoso ou com os hábitos de alguém que mente e trapaceia para viver?
Dito isso, existem algumas coisas que realmente conseguem me tirar do sério. Primeiro, a injustiça. Ver pessoas inocentes sofrerem enquanto os culpados saem ilesos é algo que não consigo tolerar. Luto para garantir que aqueles que prejudicam outros paguem por seus atos e que as pessoas boas recebam a proteção e a justiça que merecem. Mesma coisa com hipocrisia, especialmente vinda daqueles que têm poder. Governantes, corporações e líderes que pregam uma coisa enquanto fazem o contrário, explorando e oprimindo os mais fracos, me enojam. Eu nasci e cresci em uma comunidade onde as palavras têm peso e as ações importam, então ver esse tipo de comportamento me revolta. Isso significa que eu não seja injusto ou um hipócrita? De forma alguma, é difícil inclusive saber qual dois dois eu sou mais.
A falta de consideração e respeito pela minha família e por Pedra Rachada também me enfurece. Trabalhei duro para construir e proteger nossa comunidade. O lugar é pequeno e cheio de problemas, mas é meu e eu preciso que os outros respeitem o que é meu. Eu respeito o que é dos outros? Nem sempre.
Finalmente, a traição e a deslealdade são imperdoáveis para mim. Confio nas pessoas que estão ao meu lado, e espero o mesmo em troca. A traição não só coloca em risco nossas vidas, mas também destrói o tecido de confiança e camaradagem que nos mantém unidos. Isso significa que eu seja sempre leal a quem é leal a mim? Sim, isso é examente o que isso significa. Cada ação que tomo é para garantir um amanhã melhor para minha comunidade, e qualquer coisa que coloque isso em risco é pessoal para mim.
O que eu mais tento manter em segredo é o quão solitário me sinto. A vida de empreiteiro, com todos os seus perigos e emoções, traz grandes momentos e memórias intensas, mas também deixa um vazio. No fundo, queria ter mais amigos, talvez alguém especial ao meu lado. Penso em ter uma família um dia, quem sabe um filho, e viver uma vida mais tranquila.
Apesar das aventuras e das batalhas, temo que, quando eu morrer, as pessoas lembrarão de mim apenas por essas coisas grandiosas, e não pelas que realmente importam. Quando alguém importante se vai, os amados não lembram dos grandes feitos, mas das pequenas coisas do dia a dia: o tom de voz, o barulho das botas na escada, o sorriso e as palavras, o lugar onde a pessoa se sentava. São essas pequenas coisas que enchem o coração e tornam os dias especiais.
Eu tento esconder essa parte de mim porque, como líder e protetor de Pedra Rachada, não posso me dar ao luxo de mostrar vulnerabilidade. Mas, no fundo, o que eu realmente desejo são essas pequenas coisas comuns que fazem a vida valer a pena.
Se eu chegasse a Harbinger, algo que realmente não faz parte dos meus planos diários, eu escolheria o nome de "Rei Sol". Esse nome refletiria não apenas uma posição de liderança e destaque, mas também minha ligação com a luz e a energia, lembrando os pontos bioluminescentes da minha pele. Quanto aos contratos que eu administraria, eles seriam um reflexo das minhas convicções pessoais.
Eu ofereceria contratos que colocassem o status quo em situações embaraçosas, desafiando as normas e expondo as falhas dos poderosos. Esses contratos seriam cuidadosamente projetados para revelar verdades ocultas e forçar mudanças, por vezes desconfortáveis, mas necessárias. Além disso, gostaria de criar oportunidades para aqueles de poucos meios iniciais, mas de grande ambição, oferecendo recompensas que realmente pudessem alterar o curso de suas vidas.
Porém, como você mencionou, isso é mais um devaneio, um sonho distante tipo ganhar na mega-sena. Na realidade, não tenho muita paciência para sonhar acordado. Prefiro focar no aqui e no agora, trabalhando para melhorar Pedra Rachada e proteger minha gente das ameaças que enfrentamos dia após dia.
Perder um companheiro em um contrato é uma das realidades mais duras dessa vida que escolhemos. Trabalho com as mesmas pessoas há mais de um ano, e as considero todas amigas, mesmo aqueles que talvez não me tenham em tão alta conta. Se um deles caísse, eu sentiria uma tristeza genuína. Sim, ser um empreiteiro é como conviver com uma doença mental interminável, e todos sabemos que mais cedo ou mais tarde algo pode dar terrivelmente errado, mas isso não é motivo para não celebrar a vida e lamentar a morte de um parceiro.
Eu faria questão de organizar um funeral adequado e sepultar o falecido com todas as honras. Se possível, tentaria encontrar a família da pessoa, legar os pertences de acordo com os desejos dela e tudo o mais que o respeito e o decoro exigem. É uma última cortesia e uma honra a um amigo. Não se trata apenas de cumprir um ritual, mas de reconhecer a jornada que compartilhamos e o impacto que essa pessoa teve na vida de todos nós. A memória e o legado de um amigo são coisas que valorizo profundamente, e é meu dever como líder e como amigo garantir que sejam preservados com dignidade.
Os contratos que eu pego normalmente me colocam em uma posição delicada com a aplicação da lei local. Pela minha experiência e pela história que meu avô, o Velho Harris, me contou, sempre vi a lei como algo que deveria ser aplicado com rigor, mas também com um profundo amor pela comunidade. O problema é que muitas vezes, na prática, a lei parece mais uma gangue com endosso estatal do que um serviço público genuíno. A igreja já teve seus bordéis, a coroa já teve seus corsários; não é novidade que os poderes vigentes muitas vezes se apoiam em grupos que não são muito diferentes de bandidos.
Eu tento manter uma postura discreta. Não procuro conflito com a polícia, mas também não facilito para eles. Eu dirijo rápido, uso rotas menos conhecidas e aproveito a capacidade dos meus companheiros de realizar feitos sobrehumanos. Essa discrição e eficiência nos permitem operar sob o radar na maioria das vezes.
Entretanto, mais do que táticas físicas de evasão, eu procuro operar de forma que, mesmo se rastreados, nossas ações possam ser justificadas de alguma forma plausível, se necessário. Isso envolve manter um certo nível de ética nos contratos que aceitamos e como os executamos, garantindo que, mesmo que estejamos na margem da lei, nunca cruzemos para o lado de ações verdadeiramente indefensáveis. Assim, mesmo sendo vistos como fora-da-lei, tentamos manter um código que nos diferencia dos piores criminosos.
Como alguém que vive à margem da lei, minha resposta a um companheiro que comete um crime depende muito do contexto e da natureza do ato. Não sigo as leis da forma como são impostas pelos governos ou autoridades locais; em vez disso, guio-me por um código pessoal que formei com base nas experiências e ensinamentos do meu avô, o Velho Harris, e na realidade dura das terras devastadas.
Sim, é verdade que muitas das coisas que faço são tecnicamente ilegais, mas há crimes que considero imperdoáveis. Crimes contra crianças, crimes sexuais e atos de violência ou roubo dentro de Pedra Rachada são inaceitáveis para mim. Nesses casos, a ação necessária é clara, independentemente de quem os cometa.
Por outro lado, há situações em que a "lei" pode ser mais uma questão de perspectiva. Se um companheiro comete um ato que vai contra o meu código, mas não é uma dessas transgressões imperdoáveis, a maneira de lidar com isso é mais complexa. Não o entregaria às autoridades tradicionais, pois muitas vezes vejo as leis como ferramentas de poder mais do que de justiça.
Em vez disso, lidaria com a situação internamente. Isso pode significar confrontar o indivíduo diretamente, entender suas motivações e, dependendo do caso, aplicar uma punição que considero justa. Isso pode variar de uma reprimenda severa a medidas mais drásticas, como expulsão do grupo ou, em casos extremos onde outras vidas inocentes estejam em perigo, ações mais definitivas.
Reconheço a hipocrisia em meu ponto de vista, mas aceito isso como parte da vida que escolhi. Em um mundo onde as leis muitas vezes servem aos interesses dos poderosos em detrimento dos justos, confiar em um código moral pessoal é a forma que encontrei de manter minha integridade em meio ao caos.
Quando se trata de contratos, já estou acostumado a lidar com a dura realidade da violência. Matar pessoas, embora rotineiro, continua sendo uma ação repugnante, uma sombra que acompanha cada decisão que tomo. Ao longo dos anos, aprendi a aceitar isso como parte da vida que escolhi, mas isso não significa que eu não tenha meus limites.
A linha é traçada quando o pedido entra em conflito direto com os princípios que defendo, especialmente se envolver inocentes ou crueldades desnecessárias. Se um Harbinger me pedisse para fazer algo que eu considerasse absolutamente inaceitável, como prejudicar crianças, cometer violências gratuitas ou trair de forma irreversível a confiança dos que estão próximos a mim, eu recusaria o contrato.
Entendo que recusar um contrato pode significar perder uma moeda de poder e talvez enfrentar consequências desagradáveis, mas há momentos em que manter a integridade é mais importante do que o sucesso imediato. Nessas horas, a melhor decisão é aceitar a perda e esperar por melhores oportunidades no futuro.
Assim, mesmo que acostumado com a violência e disposto a fazer muito para ser bem-sucedido, ainda há ações que não posso endossar nem executar. É crucial saber quando dizer não, mesmo em um mundo onde as escolhas são frequentemente entre o mal e o menos mal. Essa é a minha linha, e eu a mantenho com firmeza, não importa o quão difícil seja a decisão.
Sim, há um Harbinger específico que realmente se destaca para mim: Eurídice. Ela é notoriamente perigosa e absolutamente uma víbora, mas tem um jeito de honestidade que, de certa forma, eu respeito. No mundo em que operamos, onde as traições são comuns e os motivos são frequentemente ocultos, a clareza dela é refrescante. Não espero que as pessoas deixem de buscar seus próprios interesses; isso é natural. O que me incomoda é quando fazem isso de maneira desleal ou cruel. Nesse aspecto, Eurídice é direta e isso, para mim, é suficiente para manter uma boa relação de trabalho com ela.
Além dela, tenho um relacionamento razoável com o Sr. Gerber, da Weyland-Yutani. Ele é o típico empresário de gravata, mas sempre explica as situações claramente, oferece prêmios decentes e, o mais importante, paga em dia. Em um mundo cheio de incertezas e riscos, essas qualidades são muito valorizadas.
Esses dois Harbingers exemplificam os tipos de relações que prefiro manter: uma baseada na clareza e benefício mútuo, mesmo que os riscos sejam altos. Eles demonstram que mesmo entre os Harbingers, figuras muitas vezes enigmáticas e perigosas, é possível encontrar aqueles com quem se pode trabalhar de forma mais ou menos confiável.
Já acertei as contas com o Sr. Finazzi – que deus o tenha – então esse capítulo está encerrado. Quanto aos outros, ou são pequenos demais para me preocupar agora, ou grandes demais para bater de frente. Mas as coisas mudam, e quando mudar, eu estarei pronto.
Tudo começou com uma traição. Fui vendido para um grupo de Snatchers por um empregador que até hoje não sei quem foi. Se não fosse pela intervenção do Mr. Mann, eu já teria sido despedaçado e vendido por partes, como um carro num desmanche. Desde então, odeio Snatchers com todas as forças do meu coração. Se eu pudesse, mataria cada um deles. Não é algo que eu esqueça fácil, e um dia vou encontrar quem me traiu, mas no momento, tenho coisas maiores para resolver. Os Snatchers, no entanto, são uma praga que, quando eu tiver a chance, vou eliminar sem piedade.
Outro nome na lista é Aramis, o irmão da Samira. Esse cara é um problema esperando para acontecer. Se eu pudesse, passaria um trator por cima dele e chamaria de justiça. Ele é um mentiroso e duas caras, alguém que está disposto a sacrificar a própria irmã para ver o ideal de "justiça" dele prosperar. E nem é uma justiça verdadeira — é uma versão distorcida, conveniente para ele, que só serve para justificar suas ações covardes e traiçoeiras.
Aramis se acha virtuoso, mas no fundo ele é um pelego duplícito, disposto a se aliar com qualquer um que o ajude a sair por cima, mesmo que isso signifique destruir quem deveria proteger. Ele se esconde atrás de discursos de moralidade, mas na hora do aperto, foi ele quem traiu a própria família e seus aliados. Para mim, é só mais um arregão, do tipo que gosta do som da própria voz e mente para todos, mas especialmente pra si mesmo. Se surgir uma chance de resolver essa situação sem quebrar minha palavra, ele estará rodado. Aramis pode continuar jogando o jogo dele por enquanto, mas eu estou de olho, e a oportunidade certa vai aparecer.
Por último, tem Jacob. Essa IA maldita vai ser um dos grandes vilões do mundo, tenho certeza disso. Ainda não temos os recursos ou a estrutura para enfrentar algo do tamanho de Jacob, mas esse encontro vai acontecer. É só questão de tempo, e quando chegar a hora, eu estarei pronto. Mais hora menos hora, Jacob... a gente se encontra.
Se minha hora tiver chegado, que seja. Acontece com todo mundo, mais cedo ou mais tarde. Quando o fim bater na porta, eu vou embora sabendo que deixei algo de valor para trás — minha cidade, Pedra Rachada, está de pé, crescendo, e as pessoas que eu amo estão protegidas o melhor que pude.
Se tem um balanço a ser feito quando a gente parte, eu só espero que o bem que fiz possa, de alguma forma, compensar o mal. Não sou nenhum santo, e sei que tomei muitas decisões que pesam na balança. Matei, trapaceei, fiz o que precisei pra sobreviver e proteger os meus. Mas também construí, ajudei, plantei esperança onde antes só havia areia e desespero. Talvez o saldo fique ali, próximo do zero a zero, e pra mim, se for isso mesmo, eu já vou sair satisfeito.
No final das contas, a vida de um fora da lei é cheia de momentos em que você acha que pode acabar a qualquer segundo. Mas se essa for minha última curva, eu vou tranquilo, sabendo que, de uma forma ou de outra, o que fiz vai continuar. Não tenho pedidos ou últimas palavras, apenas agradecimentos aos meus e o desejo de que eles sigam adiante.
Se eu estiver prestes a encarar um contrato que envolva navegar por uma cidade desconhecida por vários dias, minha preparação começa antes mesmo de eu colocar os pés lá. Eu sou um navegador treinado e um contrabandista que se orgulha muito de ser bom no que faz. Navegar por terrenos desconhecidos é um dos grandes prazeres da vida pra mim, e a preparação faz parte desse prazer.
Primeiro, eu me dedico ao estudo dos mapas, traçando rotas, entendendo os bairros e marcando pontos de referência importantes. Isso inclui fazer marcações de GPS em possíveis caminhos de fuga, locais estratégicos e pontos de interesse. Também dou um jeito de consultar torres de rádio locais e fazer medições de sinal — é sempre bom saber onde a comunicação pode falhar e onde ela está sólida.
Além disso, vou estudar o terreno em nível de detalhe, buscando entender as dinâmicas da cidade, os fluxos de trânsito e até os tipos de população que circulam por lá. Isso me ajuda a prever obstáculos, evitar áreas problemáticas e, se necessário, encontrar rotas alternativas.
Tudo isso me excita como se fosse uma criança com um brinquedo novo. Cada cidade é um quebra-cabeça, e eu vou com a seriedade de um profissional, mas com a empolgação de quem adora resolver esse tipo de enigma. Navegar não é só trabalho pra mim, é o momento em que sinto que estou verdadeiramente no controle, um passo à frente, sempre pronto para o que vier.
Chegar numa cidade usando métodos convencionais? Pra mim, isso é até melhor. Adoro dirigir. Tem gente que gosta de se teleportar ou usar poderes pra se movimentar, mas eu prefiro sentir a estrada, o controle no volante. Eu sou um cara que gosta de estar no comando e dirigir me dá isso. Viajar de forma mundana, sem pressa, me ajuda a entender o ambiente e já me preparar pro que tá por vir. Então, sem problema algum.
Agora, sobre essa história de não poder levar armas, sinceramente? Tô tranquilo. Minha Auckes, que é a minha arma mais querida, não parece uma arma pra quem tá olhando de fora — é um bracelete, discreto. Ninguém vai barrar isso na alfândega ou em qualquer controle. As armas sobressalentes? Posso muito bem deixá-las em casa e ainda assim vou estar bem equipado.
Mas, vamos ser sinceros, né? Mais do que um ótimo atirador atirador, o que me dá vantagem real em qualquer cidade nova é a meu trato com as pessoas. Posso ser bom de tiro, mas sou melhor ainda com as palavras. O que realmente importa numa situação dessas não é só a arma que eu levo, é como eu jogo o jogo e quem eu levo comigo - uma conversa bem encaixada vale mais que qualquer bala, ao menos em uns 80% do tempo.